Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
INTRODUÇÃO
Após a
travessia do Mar Vermelho o povo de Israel prosseguiu sua jornada pelo deserto,
passando pelo Sinai. Na aula de hoje extrairemos algumas lições espirituais a
partir desse trajeto, destacando a importância da dependência em Deus, mesmo
nas adversidades. Antes demonstraremos o percurso seguido, enfocando o período
que o povo permaneceu diante do Monte Sinai. A principal instrução que
retiramos dessa caminhada é o foco na maturidade, cientes de que Deus está
interessado não apenas em nosso êxito, mas, sobretudo, em nossa maturidade,
para tanto, não nos poupará de situações desagradáveis.
1. A PEREGRINAÇÃO DE ISRAEL PELO
DESERTO
A vida é
composta de altos e baixos, de vitórias e derrotas, cantamos, e logo em
seguida, pranteamos. Ninguém está isento de passar por adversidades, a
caminhada do cristão é sempre desafiadora (Jo. 16.33). Na escola de Deus a
prova vem antes, e o aprendizado somente depois. Para alcançarmos maturidade
precisamos focar menos em nós mesmos, e mais em Deus. O povo de Israel, ao
longo da jornada, estava preocupado em o que comer ou beber (Ex. 15.22-27). A
ansiedade em relação ao futuro é uma demonstração de falta de maturidade
espiritual. Jesus ressaltou que os gentios, e não aqueles que têm fé, são os
que vivem demasiadamente preocupados (Mt. 6.21, 25-33). Deus sabe quais são
nossas necessidades, Ele está atento ao que precisamos, mas, às vezes, somos
conduzidos pela ganância, esquecemos-nos de orar pelo pão de cada dia (Mt. 6.11),
e deixamos de exercitar o contentamento (Fp. 4.11). Além disso, como aconteceu
com os israelitas, nos deparamos com as águas amargas. E não podemos murmurar,
pois assim seremos reprovados pelo Senhor (Tg. 1.12-18; Hb. 12.1-11). O povo de
Israel reclamava com facilidade, demonstrando, assim, falta de confiança em
Deus (Ex. 16.1-12; Nm. 14.2; 16.41; 17.1-10; Dt. 1.27; Sl. 78.17). Mas o povo
não se queixou apenas pela falta de água potável, angustiou-se também pela
falta de alimentação. Os israelitas se voltaram para o passado, lembrando-se
das “panelas de carne” do Egito, e do alimento que tinham em abundância (Ex.
16.3). O Deus de Israel, no entanto, é Aquele que supre as necessidades, disse
que à tarde teriam carne para comer (Ex. 16.8) e pela manhã choveria pão do céu
(Ex. 16.4). Os seguidores de Cristo devem priorizar o reino de Deus, e a sua
justiça, o essencial para a subsistência será providenciado pelo Senhor (Mt.
6.33). O Deus que forneceu o maná no deserto, para os hebreus, também deu
instruções, para que o povo depositasse sua confiança nEle, por isso o alimento
deveria ser guardado apenas para o dia (Ex. 19.21), com uma provisão suficiente
para o sábado (Ex. 16.23).
2. ISRAEL DIANTE DO MONTE SINAI
A chegada
do povo de Israel ao Monte Sinai foi um cumprimento da profecia do Senhor,
entregue através de Moisés (Ex. 3.12). Os israelitas estavam diante do Monte de
Deus, e ali permaneceriam pelos próximos onze meses. Moisés subiu o monte para
ter um encontro pessoal com Deus. Aquele foi um momento singular não apenas
para Moisés, mas para todo o povo. Mas antes o povo caiu no pecado da
idolatria, ao se prostrarem diante de um bezerro de ouro (Ex. 32.1-8,25).
Atrelado à idolatria estava a promiscuidade, uma desonra aos olhos do Deus de
Israel. Os cristãos devem ter cuidado para não cair no mesmo erro dos hebreus,
devem fugir do pecado da idolatria, para não deixar de dar glória a Deus (I Co.
10.7). Para tanto, devem lembrar que são propriedade de Deus, escolhidos para
viver em santificação (Ex. 19.5), também viver em santificação, como sacerdotes
do Senhor (Ex. 19.6). Em Cristo somos, agora, uma nação santa, povo adquirido,
retirado das trevas para viver na luz do evangelho (Ex. 19.6; I Pe. 1.15;
2.5,9). Como povo separado para o Senhor, precisamos viver dignamente,
distanciados do mundo. O povo de Israel também deveria permanecer nas
imediações do Sinai, de igual modo precisamos nos aproximar de Deus, pelo vivo
caminho preparado por Jesus, no calvário (Hb. 10.20). Ao mesmo tempo em que nos
aproximamos, também devemos reconhecer a grandeza do Senhor (Dt. 5.22-27). O
Deus dos cristãos é de amor, mas também é fogo devorador (Dt. 4.24; Hb. 12.29),
isso deve servir de motivação para uma vida de temor e tremor diante do Senhor
(Fp. 2.12).
3. O PECADO DE IDOLATRIA DOS ISRAELITAS
O povo de
Israel prometeu obedecer a Palavra do Senhor (Ex. 19.8; 24.3), mas o próprio
Deus estava ciente de que tal promessa não seria cumprida (Dt. 5.28,29). Quando
Moisés subia o monte, os hebreus ficaram impacientes, o que os conduziu ao pecado.
Paciência é uma virtude para aqueles que estão caminhando rumo à maturidade
(Sl. 40.1). Por outro lado, aqueles que vivem a partir da natureza pecaminosa,
tendem à desobediência, ao distanciamento do Senhor. O povo de Israel mostrou
inicialmente essa propensão no Egito, ao se prostrarem diante dos deuses
daquela nação (Js. 24.14). Durante a peregrinação pelo deserto, e em
decorrência da demora de Moisés, o povo instigou Arão a providenciar um “deus
substituto” (Ex. 32.2-6). Eles trocaram a glória do Deus invisível pela imagem
de um bezerro, um animal quadrúpede (Sl. 106.19-23). O povo recebeu a
recompensa pelo seu pecado, isso porque o pecado traz consequências, o salário
do pecado é a morte (Rm. 6.23). A lei da semeadora permanece, o que plantamos é
justamente o que colhemos (Gl. 6.7,8). Por isso o povo de Deus precisou ser
disciplinado para aprender a obediência, o próprio Moisés, como líder,
descontrolou-se, ao quebrar as tábuas da Torah (Ex. 32.19,22). O Senhor não
admite conchavos com o pecado, a opção é posta, entre uma vida de santidade ou
de pecado. Os bezerros de ouro devem ser destruídos de nossas vidas, não
podemos substituir a glória de Deus por uma vida devotada aos ídolos (Ex.
17.1-7). Depois daquele episódio Moisés retornou ao Monte Sinai, onde
permaneceu por quarenta dias e noites, jejuando e orando, intercedendo pelo
povo. Aqueles que exercem liderança devem manter o equilíbrio, e investirem
espiritualmente com vistas ao crescimento dos seus liderados. Precisamos
permanecer em contato com o Senhor, sobretudo dando o exemplo na comunhão com
Deus (Nm. 12.1-8; Dt. 34.10). Também não podemos perder o equilíbrio emocional
diante da rebeldia, antes devemos disciplinar com amor e orar para que as
pessoas se voltem para Deus (Ex. 32.30-34; 34.28; Dt. 9.18-20).
CONCLUSÃO
Como o povo
de Israel estamos todos em uma peregrinação, caminhando pelos desertos da vida.
O Senhor tem nos dado Sua revelação, através da Palavra escrita, mas também em
Cristo, o Verbo que se fez carne (Jo. 1.1,2; Hb. 1.1,2). Como povo separado de
Deus, escolhido para viver em obediência, sobretudo em amor ao Senhor, devemos
fugir da idolatria (I Jo. 5.21). Enquanto estivermos em direção à terra
prometida, devemos aprender a confiar no Senhor, e a depender da Sua
providência, contentes com o que Ele nos tem dado (Hb. 13.5).
BIBLIOGRAFIA
SWINDOW, C.
R. Moisés: um homem
dedicado e generoso. São Paulo: Mundo Cristão, 2000.
WEIRSBE, W. W. Exodus: be delivered. Colorado
Springs: David Cook, 2010.