Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
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Texto
Áureo I Co. 5.7 – Leitura Bíblica Ex. 12.1-11
INTRODUÇÃO
A
morte visitou o Egito e em uma noite de pavor todos os filhos e animais
primogênitos morreram (Ex. 11.6; 12.30). Mas a morte não alcançou os hebreus,
eles foram preservados pelo Senhor. Na aula de hoje, estudaremos a respeito
desse grandioso livramento de Deus, que demarcou a celebração da Páscoa para os
hebreus. Ao final, destacaremos que Cristo, o Salvador, tornou-se a Páscoa para
os cristãos, e que através do memorial da Ceia do Senhor, celebramos Sua morte
e ressurreição.
1. A
PÁSCOA ISRAELITA E OS EGIPCIOS
A
décima praga foi a mais terrível de todas para os egípcios, pois em virtude do
endurecimento do coração de Faraó, os mensageiros da morte visitaram a terra, e
como diz o salmista, “lançou contra eles o furor da sua ira: coleta, indignação
e calamidade, legião de anjos portadores de males (Sl. 78.49). Moisés
inicialmente ouviu a Palavra de Deus, e foi ao palácio a fim de entregar a
mensagem profética do Senhor (Ex. 10.24-29). Como profeta de Yahweh, revelou a
Faraó que ele pagaria um preço por ter causado tantos danos ao povo de Deus.
Todos os primogênitos do Egito seriam mortos, isso porque para aquela cultura
os primogênitos eram considerados sagrados, até mesmo entre os hebreus (Ex.
4.22; Jr. 31.9; Os. 11.1). Ademais, não podemos deixar de destacar que outro
Faraó quis exterminar os filhos dos hebreus, por isso, o Deus de Israel estava,
através dessa praga, vingando a morte dos filhos do Seu povo (Ex. 4.22,23).
Muito embora sejamos ensinados a não buscar vingança (Mt. 7.1,2), sabemos, no
entanto, que Deus, ao Seu tempo, julgará aqueles que se opõem e perseguem os
que servem a Ele, tendo em vista que o homem ceifará o que plantar (Gl. 6.7). A
fim de preservar seus primogênitos, os hebreus celebraram sua Páscoa, através
da morte de um cordeiro, sendo o seu sangue colocado na verga e nos umbrais da
postas das casas onde viviam as famílias israelitas (Ex. 12.6-13;21-14). Essa
atitude apontava para o derramamento do sangue do Cordeiro de Deus, que tira o
pecado do mundo (Jo. 3.14-17), pois sem esse não haveria remissão de pecado
(Hb. 9.22). Jesus foi nosso substituto, tendo morrido pelos nossos pecados,
tomando o castigo a nós destinado (Is. 53.4-6; I Pe. 2.24). Quando o anjo da
morte passou para ceifar a vida dos primogênitos, não tocou nos filhos dos
hebreus, ao verem o sangue nos umbrais (Ex. 12.13). De igual modo, todos
aqueles que creem em Cristo como Salvador estão livres da morte eterna (Jo.
3.16; I Jo. 2.2).
2.
OS PROCEDIMENTOS PARA A CELEBRAÇÃO DA PÁSCOA
A
palavra páscoa quer dizer passagem em hebraico, em alusão à passagem da morte
que passaria pelas casas, ceifando as vidas dos primogênitos. Aos hebreus, para
escaparam de tal juízo, cabiam observar os procedimentos dados por Deus. Eles
mergulhavam os ramos de uma planta denominada hissopo na bacia com o sangue do
cordeiro e o colocava nas vergas e umbrais das portas (Ex. 12.22). Em seguida,
essa mesma planta era usada para aspergir o sangue que confirmava a aliança de
Deus com o Seu povo (Ex. 24.1-8). O cordeiro havia sido assado e comido às
pressas, o povo deveria estar pronto para partir logo que fosse dado um sinal
(Ex. 12.8,11,46). A refeição consistia do cordeiro assado, pães asmos e ervas
amargas, antecipando, assim, o sacrifício vicário de Cristo. O pão era sem
fermento porque não havia tempo para que esse crescesse (Ex. 12.39), além de
ser este um símbolo de impureza para os hebreus. A Palavra de Deus associa o
fermento com o pecado, bem como com os falsos ensinamentos (Mt. 16.6-12; Gl.
5.1-9) e a hipocrisia (Lc. 12.1). A igreja do Senhor não pode se envolver com
práticas pecaminosas, antes deve viver em santidade, sem se deixar contaminar
com o fermento do mundo (I Co. 5.6-8). Outro procedimento foi usado, qualquer
carne que sobrasse da festa deveria ser queimada, aquele cordeiro era especial,
não deveria ser tratado como uma alimentação normal. Aquela refeição foi
preparada para a família (Ex. 12.3,4), isso mostra que Deus atenta para a
proteção dos lares. A igreja, como um todo, é uma família, que se une para
lembrar a morte e ressurreição do Cordeiro de Deus (Ef. 2.21; 3.15;4.16).
O caráter memorial da páscoa israelita (Ex. 12.14-43) fora retomado pela fé
cristã, a fim de celebrar o sacrifício de Cristo, na cruz do calvário (Mt.
26.26; I Co. 11.23-25). A páscoa israelita era celebrada em nome do Senhor,
recordando o cumprimento das Suas promessas (Ex. 11.1-8; 12.31-36). Na noite da
Páscoa se cumpriram as promessas dadas por Deus a Abraão, muitos séculos antes
(Gn. 15.13,14). De fato, “nem uma só palavra falhou de todas as suas boas
promessas, feitas por intermédio de Moisés, seu servo” (I Rs. 8.56). As
promessas de Deus não falham, por isso estamos certos que passarão céus e
terra, mas Suas palavras não haverão de passar (Lc. 21.33).
3.
CRISTO, A NOSSA PÁSCOA
Paulo
identifica Cristo como a nossa páscoa, isso porque Jesus é o Cordeiro que foi
imolado pelos nossos pecados (I Co. 5.7; Rm. 5.8,9). As igrejas locais se
reúnem para celebrar a Ceia do Senhor. A Santa Ceia é um memorial, a fim de
que, entre muitas atribuições eclesiásticas, não nos esqueçamos do principal,
do sacrifício de Cristo na cruz (I Co. 11.23-25). Por ocasião da Ceia,
utilizamos, simbolicamente, o pão que representa o corpo de Cristo (I Pe.
2.22-24), e o vinho, o sangue derramado do Senhor (Mc. 14.24). Esses elementos
são simbólicos por isso não podem ser confundidos com o próprio corpo e sangue
de Jesus (Jo. 6.35; 10.9), trata-se, portanto, de uma linguagem figurada. Essa
deve ser uma observância continua para a igreja, ainda que não seja demarcada a
frequência em que deve ocorrer (Lc. 22.14-20). A igreja cristã, desde o
primeiro século, atentou para a prática do partir do pão (At. 2.42; 20.7; I Co.
11.26). É importante que a igreja mantenha a reverência por ocasião da
celebração da Ceia, esse era um problema grave em Corinto, pois muitos membros
da igreja não a levavam a sério (I Co. 11.29,30). Esse deve ser um momento
solene, sobretudo de reflexão, a fim de demonstrar nossa identificação com o
Cristo que por nós entregou Sua vida. Para evitar distorções no ato da
celebração da Ceia, recomendamos: 1) sinceridade na apreciação (Lc. 22.17-19),
não se trata apenas de alimentação, mas de percepção do valor do sacrifício de
Cristo; e 2) autoexame para não nos tornarmos culpados e participantes daqueles
que crucificaram o Senhor (I Co. 11.27). Ninguém se torna, por si mesmo, apto
para a Ceia, é o sangue de Jesus, que nos torna aptos para tal. Não ceamos por
causa dos nossos méritos, pois se assim fosse, ninguém poderia se aproximar da
mesa (Ef. 2.8,9). Mas é preciso demonstrar contrição, reconhecimento do pecado,
sobretudo arrependimento (I Jo. 1.9). A Ceia do Senhor é também um momento de
irmandade, pois ao partir o pão demonstramos que somos um em Cristo (I Co.
10.16,17).
CONCLUSÃO
Os
hebreus, diante da ameaça de Faraó, foram libertados pelo Senhor, com mão forte
e braço estendido (Sl. 89.13). A percepção daquele ato libertador fez com que
os hebreus, ao longo da sua história, celebrassem a páscoa. Os cristãos também
têm motivos para celebrar, através da Ceia, a libertação que nos foi dada
através de Cristo Jesus. Quando assim fazemos, apontamos não apenas para o
passado, em relação ao que Ele fez, também nos identificamos no presente
com Ele, e demonstramos expectação em relação ao futuro, quando com Ele
cearemos na eternidade (Mt. 26.29).
BIBLIOGRAFIA
HAMILTON, V. P. Exodus: an exegetical
commentary. Grand Rapids: Baker Academics, 2011.
WEIRSBE,
W. W. Exodus: be delivered. Colorado Springs: David Cook, 2010.
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